autoconsciência…
esse termo ficou na minha mente vendo um vídeo sobre a vida do Buda Siddhārtha Gautama. Observando a história me apercebi dos nomes das práticas e achei interessante pesquisar e falar a respeito.
Um dos estágios citados no vídeo é o estado Jana… é um estado de bem estar e felicidade. E pesquisando aqui encontrei o seguinte: A maior parte do nosso sofrimento vem da actividade pensante habitual. Se tentamos pará-la por termos aversão a pensar, não conseguimos, simplesmente continuamos e continuamos pensando. Então o importante não é vermo-nos livres do pensamento, mas compreendê-lo. E nós fazemos isto através da concentração no espaço existente na mente em vez de nos concentrarmos nos pensamentos.(…)Os janas ajudam a desenvolver a mente. Cada jana é um refinamento da consciência e, como um conjunto, eles ensinam-nos a concentrar a nossa atenção em objectos cada vez mais refinados. Através da plena atenção e da reflexão, não plena vontade, tornamo-nos bastante conscientes da qualidade e do resultado daquilo que estamos a fazer. Quando se pratica um jana após o outro, desenvolvemos a habilidade de manter a atenção em objectos cada vez mais refinados. Desenvolvemos grande habilidade nesta prática e experimentamos a graça que vem da absorção em estados cada vez mais refinados de consciência.
Ao meditar de forma correta podemos desenvolver em nós perspectivas e condições interessantes. E acredito que meditação é percebida de forma muito incorreta por nós ocidentais. Em um livro – O livro Orange – de Osho, em determinada parte ele fala que o ato de meditar é o ato de fazer nada. Isso provavelmente complica mais do que ajuda, visto que nós nos dedicamos muito justamente para impedir o nada. O pensamento não para e não sabemos lidar com ele de forma produtiva o que leva ao dhukka - sofrimento. Livrar-se do sofrimento não significa ficarmos apáticos à realidade, significa pararmos o desejo. O desejo e a expectativa é o cerne de quase todos os nossos sofrimentos diante da vida, visto que se idealizamos indiscriminadamente provavelmente boa parte disso não ocorrerá, e se ocorrer não será idêntica à idealização. Essa expectativa diante das coisas nos prende e infelizmente nos direciona. Contudo é a partir do ato de observar todo o espaço envolvido ao pensamento que poderemos ter real idéia dele e do que ele interfere nas nossas vidas. E chegamos ao que se chama contemplação. Ato simples de olhar, ver, sentir tudo sem nos atermos aos significados dos mesmos… o que importa é o espaço e não o que nele se encontra, e como está no texto esse espaço é finito justamente por causa da nossa constante atenção aos objetos e não ao espaço em si. Se observarem o espaço é limitado pelas coisas. E perceber o espaço é em si um ato de escutar o silêncio. Termo que encontrei no mesmo texto citado acima. Ao perceber o espaço vago entre as palavras percebemos que o pensamento cessa. “Concentrando-nos no espaço entre os pensamentos passamos a ser menos apanhados nas nossas preferências no que diz respeito aos pensamentos. Então, se notarem que um pensamento de culpa, auto-compaixão ou paixão continua a surgir, podem trabalhar com isso desta forma – pensando nisso deliberadamente, trazendo-o realmente a um estado consciente e notando o espaço à sua volta.” Essa é uma atitude inteligente diante das coisas.
No entanto como meditar? No mesmo livro citado existem só roteiros para que compreendamos que aonde quisermos conseguiremos, mas alguns detalhes são importantes: olhos semicerrados, corpo relaxado e bem equilibrado, procurar não ficar deitado para que a meditação não vire cochilo, procurar não meditar com o estômago cheio de comida, procurar lugares onde você não será atrapalhado durante o ato, mesmo que o mesmo só dure alguns poucos minutos. limpar a mente ou o desejo, e permitir-se contemplar, ver sem pré-conceitos tudo o que há no instante.
Para mim a meditação esteve presente boa parte de minha vida, e auxiliou principalmente no que diz respeito ao conhecimento de mim enquanto indivíduo. Transitei entre a pura e simples contemplação para a visualização, e com o tempo distanciei-me naturalmente do ato por simplesmente não encontrar “momento” propício. O que mais percebi fora a alteração de humor e bem estar. Tinha muito mais disposição e mais calma diante das coisas, principalmente quando naturalmente aprendi a respeitar o pensamento, e fora nesses momentos em que soube lidar com a vida de forma mais produtiva.
Mas não adianta simplesmente absorver idéias… o mais importante é deixar-se meditar. Viver o ato… é dar um presente a si mesmo, visto que no momento em que o pensamento cessa… até o simples ato de respirar é prazeroso.
Mais um link sobre o assunto e com mais detalhes.