Reconectar-se não é uma tarefa simples. Não existe um USB espiritual. Mas até que ponto nos desconectamos?
Não pensar no trilho faz com que o trem descarrilhe? Ainda que não oremos nossas almas sofrerão o parto? Existe mesmo uma frieza espiritual? O que é espiritual?
Comecei a me perguntar até que ponto há de fato uma distinção real entre físico e espiritual e me percebi vendo tudo como uma coisa só. Então como nos separamos deste meio que não se separa?
Todos nós sabemos o quanto a prática define o artista, e que essa história de dom é mais ultrapassado meio de descriminação existente. Então o que é espiritual?
Tento enxergar a unidade nas nossas ações, como facilmente percebemos não sermos capazes de separar certas letras de determinadas melodias, somos assim como um instrumento a vibrar deliberadamente e diariamente. Essa repercussão sonora é um fator aparentemente concreto quando se pensa em espírito e ação espiritual. Separar é o grande erro.
Se levanto minha mão, meu espírito levanta também? E se não levanta, qual gesto ele toma? É assim que chego a pensar que mesmo não percebendo essa tênue conexão ela precisa existir de algum modo. Ela precisa se fazer real de algum modo. Assim penso que se há uma limitação física para nosso corpo deverá existir uma limitação espiritual para o espírito e que esta limitação é a chave.
Minhas mãos só alcançam a distância dos meus braços, e minhas mãos espirituais? Sendo o espírito objeto de outro momento nosso, por mais que distância física não faça nenhum sentido lá, haverá provavelmente uma distância espiritual com a qual o pensamento se apodera pra fazer sentido sua existência, fazendo existir também um tempo e um espaço totalmente espirituais?
Essas condições nossas ultrapassadas de tempo e espaço é só uma forma de ver nossas limitações mínimas para digerir a realidade, então o que nos cega diante da realidade espiritual? Com facilidade percebemos limitações físicas então o que nos impede de ver o mais simples em questões espirituais? Se somos espírito o que nos impede de viver e sentir o espírito e cheirar o espírito?
Há de se pensar que isso tudo ocorra o tempo inteiro. E este é o motivo de não “percebermos” o espírito. Este está tão emaranhado no nosso físico que se torna irrelevante, discreto. O espírito não seca e nem definha, mas cega. E nossas limitações físicas nos fazem crer que não há nada além. Sendo assim o que vier ultrapassar tal limitação é ilusão ou mera coincidência. E o problema é que não nos espantamos mais. Tudo é muito fácil de ser catalogado em algum estudo psicológico ou biológico. Contudo não há pernas firmes o suficiente para lidar com o desconhecido, quando este desconhecido é capaz de destronar as teorias.
Então sendo este espírito coparticipante da realidade com suas próprias formas de existir, todo nosso corpo é uma ferramenta espiritual, e isso é o que diferencia os místicos e suas habilidades. Uns sentindo o cheiro do futuro, outros escrevendo desgovernadamente. A pulsão, agora espiritual é tão similar a qualquer outra e tão envolvida em qualquer outra que destaca-la, separa-la é de fato uma tarefa extremamente árdua. Não por que haja um motivo intencional em dificultar essa percepção, mas por que o desejo de estar seguro e firme em suas convicções amarram-nos ao explícito.
Então o que destaco aqui é a simples atenção, este é o real motivo do diário e sua importância. Mas me calo aqui, pois meu espírito já se calou.